Nessa quarta-feira (27), ocorreu a terceira manifestação contra o pacote de choque econômico de Javier Milei, que, se colocado em prática, liquidará absolutamente todos os direitos sociais do povo argentino.
Ao contrário do protesto anterior, este não foi marcado para frente da sede do governo, a Casa Rosada, na Praça de Maio. Desta vez, as organizações de esquerda que estão à frente das mobilizações, quais sejam, o PO (Partido Obrero), o PTS (Partido de los Trabajadores Socialistas) e o MST (Movimiento Socialista de los Trabajadores), organizações estas que conformam a Frente de Izquierda, marcaram a concentração da manifestação para a frente do Palácio da Justiça, na Praça dos Tribunais, em Buenos Aires.
Segundo essas organizações, a finalidade da manifestação dessa quarta é de pressionar o Judiciário a declarar a inconstitucionalidade do decreto de Milei e, enquanto esperam por uma decisão definitiva, que seja concedida uma liminar suspendendo a vigência das 366 alterações legislativas. Em específico, o protesto também veio em resposta a um novo ataque contra os trabalhadores, anunciados por Milei, no sentido de extinguir cerca de 7 mil postos de trabalhos estatais.
Conforme se constata por vídeos publicados nas redes sociais, o protesto contou com milhares de argentinos. Número que, ao que tudo indica, é maior do que a manifestação anterior.
Como não poderia deixar de ser, também há relatos de repressão. Segundo noticiado pelo órgão de imprensa argentino Página 12, a polícia reprimiu manifestantes quando estes dispersavam após o final do protesto, levando um deles preso.
Por sua vez, antes do início do ato, um ônibus em que viajava o líder sindical Carlos “Perro” Santillán e outras 45 pessoas foi impedido de seguir viagem quando se dirigia para o protesto, da cidade de Jujuy para Buenos Aires. Em declaração à Rádio 10, Santillán disse:
“Infelizmente nos pararam em Zárate-Campana [cidade de Buenos Aires]. A Gendarmaria disse que faltava um documento do ônibus. Queríamos descer, mas não deixaram. Isso me lembra muito de a ditadura ou os tempos em que ela vigorou, o estado de sítio na Argentina.”
Quanto à esquerda, observando os respectivos sítios e redes sociais das organizações citadas no início deste artigo (PO, PTS e MST), nota-se que elas permanecem com a política de lutar contra o decreto e demais medidas do governo Milei. Ou seja, não lutam pela derrubada do governo, que já colocou em andamento um golpe de Estado para viabilizar o choque econômico. Não lutam pelo “Fora Milei”.
A título de Exemplo, Gabriel Solano, líder do PO, deu a seguinte declaração:
“Todas as organizações que participaram da marcha de 20 de dezembro e que foram pioneiras no enfrentamento ao protocolo repressivo de Bullrich e ao plano de ajuste de Milei, estarão amanhã na concentração convocada pela CGT nos Tribunais. Iremos com uma bandeira enorme que diz por um Plano Nacional de Ataque e Combate Ativo. Não há dúvida de que o Congresso deveria reverter esse desastroso DNU de Milei e a Justiça deveria fazer o mesmo. Porque esta DNU é inconstitucional, mas os trabalhadores não podem confiar nestas instituições. Já temos muitas evidências que o protocolo é inconstitucional, mas que estão atrasando o assunto. Eles não vão tratar deste protocolo e deste decreto imediatamente, entretanto ele entrará em vigor e será implementado […] Além do protocolo e do DNU, há o problema dos salários que foram destruídos pela desvalorização feita por Milei e que já vinham despencando desde governos anteriores. Então o plano de luta que reivindicamos tem como ponto fundamental a recomposição e defesa de salários e pensões que hoje foram destruídos pelo governo. Então é realmente necessário um plano de luta nacional e estamos reivindicando a CGT e isso fará parte das palavras de ordem que vamos levar para a mobilização nos Tribunais amanhã.”