Contra decisão de Lula, direita quer manter escolas cívico-militares

O Ministério da Educação (MEC) anunciou, através de ofício circular distribuído para dirigentes da educação nos estados, que iria encerrar, de forma progressiva, o Programa Nacional das Escolas Cívico-Militares, implantado pelo governo Bolsonaro em 2019. Segundo a carta, o programa estaria sendo encerrado após avaliação dele “pela equipe da Secretaria de Educação Básica, Ministério da Educação e o Ministério da Defesa”.

O anúncio do MEC também diz que “a partir desta definição, iniciar-se-á um processo de desmobilização do pessoal das Forças Armadas envolvidos em sua implementação e lotado nas unidades educacionais vinculadas ao Programa, bem como a adoção gradual de medidas que possibilitem o encerramento do ano letivo dentro da normalidade necessária aos trabalhos e atividades educativas”.

A decisão, tomada por Lula, foi executada numa “canetada”, sem fazer muito alarde. As escolas militares eram uma iniciativa da gestão anterior com a finalidade de colocar a base de apoio do bolsonarismo – os militares – para cuidarem de uma parte da educação no país e estabelecerem sua ideologia diante das crianças e adolescentes. São 120 unidades do ensino espalhadas pelo país, onde cerca de 900 militares da reserva trabalham.  

A decisão de Lula é acertada e é um demonstrativo de que, em campos onde pode fazê-lo, o presidente procura enfrentar a direita e a extrema-direita. Apesar de estar sufocado em outras áreas onde depende do Congresso para levar adiante suas decisões, Lula tem mostrado disposição para uma gestão mais à esquerda de seus governos anteriores. Ele precisa, no entanto, do apoio da classe operária mobilizada para poder realizar tudo que é do interesse da população.

Porém, alguns governadores de direita não aceitaram a decisão do governo federal. É o caso de Tarcísio de Freitas, governador do estado de São Paulo, e de Ratinho Jr, do Paraná. Ambos sinalizaram a manutenção do programa das escolas cívico-militares, nos moldes do que havia sido implantado por Bolsonaro em sua gestão.

Ambos se utilizam da propaganda demagógica da extrema-direita de que estas seriam escolas com melhor qualidade de ensino, causando a falsa impressão de que isso seria devido à presença dos militares. Os governadores que saíram a campo para contrariarem a decisão do Governo Federal o fazem porque têm a intenção de herdarem os espólios de Bolsonaro, que ficará inelegível até 2030. Trata-se de mais uma demonstração de que o bolsonarismo não vai desaparecer com a inelegibilidade de Bolsonaro.