Nesta quinta-feira (21), está previsto o encerramento da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do MST e, consequentemente, a votação de seu relatório final. Na terça-feira (18), o jornal O Globo noticiou que teve acesso ao relatório final e que, nele, Ricardo Salles, relator da CPI e redator do relatório, pede o indiciamento de José Rainha, líder da FNL (Frente Nacional de Lutas Campo e Cidade).
Trata-se da continuidade da perseguição ao líder camponês, que fora preso arbitrariamente no primeiro semestre desse ano sob a acusação falsa e absurda de extorquir latifundiário.
Quando José Rainha depôs na comissão, parlamentares bolsonaristas e da direita tradicional buscaram a todo momento induzi-lo a entrar em algum tipo de contradição ou fazer afirmações que pudessem ser utilizadas para acusá-lo de algum crime.
Na derrota dessa operação, a CPI, ao que parece, utilizou-se do depoimento para fazer um malabarismo jurídico e pedir o indiciamento do líder da FNL por falsidade ideológica e sonegação fiscal.
Quais provas foram apresentadas? Nenhuma, mostrando que quando se trata de perseguir os trabalhadores e suas organizações, a direita e a extrema-direita se unificam, recorrem ao método lavajatista.
Independentemente de sua aprovação, o fato é que o relatório constitui mais um ataque ao movimento sem terra, uma tentativa de torná-lo ilegal. O pedido arbitrário de indiciamento supostamente feito por Salles é algo que poderá ser utilizado no futuro para a direita continuar impulsionando a perseguição aos camponeses sem terra.
Nesse sentido, mesmo que o relatório de Salles seja rejeitado, é preciso que os movimentos camponeses continuem a travar a luta pela reforma agrária até que consigam garantir o seu direito a terra.