Na noite dessa quinta-feira (12), o nazista Estado de Israel informou à ONU que a população palestina do norte da Faixa de Gaza teria 24 horas para se deslocar para a região sul, antes de o exército sionista invadir o enclave. Segundo Stéphane Dujarric, porta-voz do secretário-geral das Nações Unidas, a mesma ordem foi dada aos funcionários da organização que estão presentes em Gaza.
Trata-se de mais uma ação criminosa por parte dos sionistas e do imperialismo. Conforme Dujarric, esse deslocamento envolveria mais de um milhão de pessoas, levando, inevitavelmente, a “consequências humanitárias devastadoras”. Afinal, a maioria desses habitantes não possui condições de evacuarem o local. Ademais disto, os que estão nos hospitais não terão absolutamente nenhuma possibilidade de serem deslocados.
Aliás, não é uma mera ação criminosa. Assim como o incessante bombardeio a Gaza, e o corte do fornecimento de água, comida, combustível e energia, os palestinos estão sendo novamente alvos de uma ação genocida. Não há outro termo para descrever.
Que é genocídio, é claro. Que o sionismo é equivalente ao nazismo, é notório a essa altura.
O que ainda não está tão claro ainda é qual razão de Israel estar dando aos palestinos do norte de Gaza 24 horas para irem para o sul?
Na aparência, o Estado sionista diz que pretende concentrar seus ataques apenas contra o Hamas. Com isto, busca engendrar a farsa de que está fazendo tudo para evitar a morte de civis palestinos. E, consequentemente, inverter a propaganda e culpar os civis pela sua própria morte. Afinal, Israel teria dado a oportunidade para os palestinos do norte não serem aniquilados pelo exército sionista. Quanta bondade!
Contudo, isto tudo é uma farsa. Por trás da ordem de Israel para que a população do norte se desloque para o sul, estão outros fatores.
Um deles é que o caráter genocida do Estado israelense e dos sionistas está cada vez mais exposto, principalmente em decorrência das recentes represálias contra a ação do Hamas.
Caso o exército sionista invada o norte de Gaza com a população toda lá, seria inevitável a morte de milhares de civis, pois se colocariam justamente contra mais essa invasão, e ao lado do Hamas e da resistência. De forma que a oposição a Israel se intensificaria junto a todos os povos oprimidos do mundo. O que tornaria ainda mais instável e periclitante a existência de Israel e o domínio imperialista sobre o Oriente Médio.
Assim, politicamente, Israel tem que evitar uma invasão massiva de uma Gaza densamente povoada.
O outro ponto diz respeito à questão militar. Israel parece saber que, se invadir, estará lutando no território da resistência, território este que o Hamas e outros grupos conhecem na palma da mão, ao contrário dos militares sionistas. Mesmo sem a população civil lá, Israel poderia ser derrotado no combate corpo a corpo. Com a população lá, teria maiores dificuldades, pois os civis palestinos apoiaram o Hamas, e vários certamente também pegariam em armas, de forma que seria virtualmente impossível (a Israel) separar os militantes do Hamas da população civil.
Nesse sentido, deve ser lembrada o histórico desfavorável de Israel nos combates corpo a corpo. No geral, a repressão dos sionistas tende a ser mais bem sucedida através de bombardeios e bloqueios, do que através das tropas no chão. Em 2006, por exemplo, tentaram invadir a capital do Líbano, mas fracassaram, sendo forçados a recuar pela resistência popular, especialmente liderada pelo Hesbolá. Ao final, Israel saiu derrotado, e o partido libanês se fortaleceu.
Para piorar a situação do sionismo, deve igualmente ser considerado que a maior parte da infraestrutura da resistência armada palestina, em especial o Hamas, se encontra no subsolo, de forma que o exército israelense fica vulnerável a ataques surpresa.
Dessa forma, há grandes chances de derrota, caso as tropas israelenses invadam e tenham que lutar contra o Hamas em meio a população. Daí a ordem para a evacuação. Querem vencer sem lutar ou com o mínimo de luta possível. Querem amedrontar os civis palestinos para que eles se rendem e entregue gratuitamente parte do território minúsculo que ainda lhes resta. E, tendo em vista a imediatez da ordem (24 horas para evacuarem o norte), o Estado Nazista de Israel tenta aplicar a doutrina do choque para dificultar qualquer reação dos palestinos. Dão a eles apenas um dia para decidir entre a vida e a morte.
Contudo, por ora, essa tática não está funcionando. A resistência palestina, nela inclusa grande parte da população do norte de Gaza, não se amedrontou.
Segundo o chefe do Escritório de Mídias da Palestina na Faixa de Gaza, Salama Maruf, a ordem de Israel é uma tentativa de “emitir propaganda falsa, com o objetivo de semear a confusão entre os cidadãos e prejudicar a coesão interna”. É parte da “guerra psicológica” contra o povo palestino.
Em discurso proferido perante cidadãos de gaza, Maruf conclamou o povo ignorar os avisos sionistas e seguir resistindo:
“Dizemos aos ocupantes que nunca abandonaremos nossas casas e permaneceremos aqui […] Morremos em pé […] se um dia quisermos sair daqui, iremos para os territórios ocupados em 1948”.
Em entrevista à Al Jazeera, Mansour Shouman, um residente do norte de Gaza, declarou que “Se iremos morrer aqui, morreremos em nossas casas. Morreremos no norte ou no sul. Morreremos com nossas cabeças erguidas. De pé em nossas terras, com nossos direitos e nos agarrando firmemente à nossa fé”.
Fonte: Diário Causa Operária (DCO)