Greve das montadoras cresce nos EUA para quase 20 mil

No dia em que completou uma semana de mobilização, o Sindicato dos Trabalhadores da indústria Automobilística (UAW, na sigla em inglês) informou que 5,6 mil novos operários norte-americanos aderiram à greve contra as montadoras nesta sexta-feira (22), totalizando 18,8 mil trabalhadores parados no país (“UAW strike spread to 38 locations in 20 states”, David Koenig, AP News, 22/9/2023). Conforme o presidente do sindicato, Shawn Fain, 38 centros de distribuição de peças da General Motors (GM) e da Stellantis também pararam.

“Fecharemos a distribuição de peças até que essas duas empresas recuperem o juízo e cheguem à mesa com uma oferta séria”, disse Fain.

Ao todo, trabalhadores de 20 estados americanos aderiram à greve, iniciada no último dia 15, contra as três grandes empresas que monopolizam o setor automobilístico: Ford, GM e Stellantis (conglomerado ítalo-franco-americano).

O sindicalista informa que não houve avanços da greve na Ford porque a empresa atendeu a algumas das demandas durante as negociações ocorridas na semana passada. “Fizemos algum progresso real na Ford”, disse Fain, em reunião virtual com os trabalhadores. “Ainda temos sérios problemas para resolver, mas queremos reconhecer que a Ford está mostrando que eles levam a sério a possibilidade de chegar a um acordo. Na GM e Stellantis, é uma história diferente.”

De acordo com o sindicalista, a GM e a Stellantis rejeitaram as propostas do sindicato para aumentos compatíveis com a carestia nos EUA, participação nos lucros e segurança no emprego. “Vão precisar de um empurrão sério”, concluiu.

Trata-se da primeira greve organizada pelo UAW a mobilizar, simultaneamente, as três empresas monopolistas. Segundo a empresa de consultoria Anderson Economic Group, até o último dia 22, a greve já causou prejuízos superiores a US$1,6 bilhão, incluindo mais de US$500 milhões diretamente às empresas atingidas (idem).

No último dia 19, o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, publicou uma foto junto ao ministro do Trabalho, Luiz Marinho, em apoio à mobilização dos trabalhadores norte-americanos, divulgada no perfil oficial da Central Única dos Trabalhadores no X (antigo Twitter). No dia 22, foi a vez do mandatário norte-americano, Joe Biden, anunciar na mesma rede social que “na terça-feira, vou ao Michigan para me juntar ao piquete da greve e me solidarizar com os homens e mulheres do UAW, na sua luta por uma parte justa do valor que ajudaram a criar. É tempo de chegar a um acordo vantajoso para todos, que mantenha a indústria automobilística americana próspera, com empregos bem remunerados para (os trabalhadores da) UAW”.