Sabesp: privatização aumentará tarifas e risco de falta de água

Na noite de quarta-feira (7), a Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (ALESP) aprovou a privatização da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp). O texto é de autoria do governador do estado, o “bolsotucano” Tarcísio de Freitas (Republicanos), e a votação foi marcada por uma forte repressão aos trabalhadores e estudantes que protestavam no local.

Amauri Pollachi, conselheiro do Observatório Nacional dos Direitos à Água e ao Saneamento (Ondas), um especialista em saneamento e recursos hídricos, afirmou que a privatização da companhia trará resultados extremamente negativos ao fornecimento de água no estado.

Pollachi avalia que, muito provavelmente, haverá um aumento da tarifa cobrada. “A iniciativa privada, quando toma para si a prestação de serviços de saneamento, via de regra, não realiza os investimentos que são planejados. Ou, justifica que não é possível a realização se não houver um reajuste de tarifas bastante expressivo”, afirmou.

Além disso, o especialista desmente o argumento de Tarcísio, de que com a privatização, haverá uma capacidade maior de atrair investimentos:

“Hoje, por exemplo, a Sabesp consegue obter financiamentos a taxas de juros bastante baixas porque, além de saudável economicamente – uma empresa que tem uma classificação de risco muito boa por todas as agências –, quando ela vai pedir empréstimos no mercado internacional, ela tem garantia do Estado de São Paulo e garantia adicional da União. Então, as taxas de juros que ela consegue são as mais baixas possíveis. E uma empresa da iniciativa privada tem que buscar a taxas de juros de mercado. Aí já começa o custo adicional.”

As alegações de Pollachi são corroboradas com privatizações que ocorreram em outros estados do País. Em Brasília, por exemplo, a entrega da Companhia Energética de Brasília (CEB) para a iniciativa privada fez a conta de luz aumentar em quase 10%. Ao mesmo tempo, moradores da capital federal relatam uma piora significativa no serviço, com quedas de energia constantes e explosões de transformadores ao redor da cidade.