Contra os desejos e a torcida de setores direitistas da esquerda, o depoimento de Mauro Cid que seria incriminar o ex-presidente Jair Bolsonaro não aconteceu. Ficou evidente a reação da cúpula das Forças Armadas para evitar o desfecho, situação tornada pública em matéria do jornal direitista Estado de S. Paulo (“Militares veem Justiça esticando a corda e gerando instabilidade e insegurança nas Forças Armadas”, Monica Gugliano, 18/8/2023).
O veto militar à incriminação de Bolsonaro, além de revelar quão tolos são os esquerdistas que sonham com uma saída institucional e indolor para a crise política, coloca às claras que o País continua submetido a uma intervenção militar velada. Não é a primeira vez que a palavra final é dada pelos militares.
Em meio à prisão de Lula, quando um despacho judicial autorizou sua soltura, ao arrepio da lei e demonstrando estar em uma posição hierarquicamente superior ao Judiciário, os generais barraram a libertação do atual presidente, orientando inclusive o não cumprimento da ordem judicial até que o despacho fosse revertido por outra, de instância superior. O papel de eminências pardas desempenhado pelos generais no regime político deve ser denunciada pelos comitês de luta e combatida, sendo uma grave ameaça às liberdades democráticas, duramente retomadas após a luta contra a Ditadura Militar.