Os índios Guarani-Caiouá de Dourados, no Mato Grosso do Sul, estão sofrendo uma incrível perseguição por parte dos latifundiários que colocaram pistoleiros, as polícias e o Judiciário para ameaçar as famílias que estão lutando pelo seu direito à terra.
Em depoimento exclusivo ao Diário Causa Operária, um índio Guarani-Caiouá da retomada Avaeté, no município de Dourados, Mato Grosso do Sul, deu seu depoimento de maneira anônima devido ao medo, represálias da Polícia, da pistolagem e do estado, da ação criminosa da Polícia Federal na última quinta-feira (06/10), onde invadiram a retomada sob o pretexto de procurar armas de fogo após absurdas denúncias realizadas pelos pistoleiros e latifundiários.
Veja o depoimento abaixo:
“Eu estava num momento que (a polícia federal) chegaram, foi umas 9 horas da manhã.Chegaram fechando o Tekoha aqui e vieram em mais ou menos 14 ou 15 viaturas. Fora os carros particulares que um pouco foram para a aldeia atual e um pouco vieram entrando aqui pela lavoura mesmo.
Chegaram aqui e agrediram o Ivan, tomaram o celular dele, né? Algumas casas arrombaram e atiraram onde tinha uma mulher e um mais velho. Agora o pessoal está todo apavorado.
A gente não tem mais em quem confiar porque a única pessoa que a gente confiava era a Polícia Federal, né? E fizeram isso chegaram aqui atirando em todo mundo.Tinha algumas crianças no meio. Atiraram bastante, vejo não só uma vez. É, eles vieram e bagunçaram a tem uma casa que não tinha ninguém e entraram, bagunçaram tudo.
Tem algumas crianças que eles perguntaram sobre a arma. Perguntaram para as crianças, né? Tentaram tipo apontaram a arma para as crianças perguntando se tinha algumas armas, se eles viram ou algumas armas a gente (índios) estavam escondendo.
Porque antes de ele (policiais) chegar mesmo primeiro, já chegaram 4 ou 5 drone por aí. E daí chegaram atrás, fechando mesmo, fechando a entrada e a saída. É isso que aconteceu. Porque já basta polícia militar, pistoleiro atacando a gente.E agora nós não esperava isso da polícia federal, né?
Tem hora que a gente não tem nem água aqui para não ir para a gente beber. E derramaram que algumas casas tinham água, né? Derramaram tudo.
Levar ou não sei se levar algumas ferramentas que estava aí também não sei, mas eu acho que não levaram mais, mas eles entraram em cada casa da gente tipo, intimidando mesmo. Falando com voz alta. Tinha bastante criança, no momento.
Porque a gente aqui passa fome, sede. E inclusive a gente tem que aguentar um ataque tanto do policial federal e isso a gente não esperava.
Chegaram em cada casa uma viatura. Então é isso um pouco do que aconteceu.”
Fonte: Diário Causa Operária