Após passar cinco anos na prisão, Julian Assange está finalmente livre. O fundador da WikiLeaks foi solto após a justiça inglesa lhe conceder fiança.
“Julian Assange está livre. Ele deixou a prisão de segurança máxima de Belmarsh na manhã de 24 de junho, depois de ter passado 1.901 dias lá […] Ele recebeu fiança do Supremo Tribunal de Londres e foi liberto no aeroporto de Stansted durante a tarde, onde embarcou em um avião e partiu do Reino Unido”, escreveu a conta oficial do WikiLeaks no X (antigo Twitter).
O perfil ainda afirma que ele está retornando para a Australia. “Agradecemos a todos que estiveram ao nosso lado, lutaram por nós e permaneceram totalmente comprometidos na luta pela sua liberdade”, afirmou o WikiLeaks.
Sobre sua soltura, a esposa de Assange afirmou:
“Ao longo dos anos de prisão e perseguição de Juliano, formou-se um movimento incrível. Pessoas de todas as esferas da vida, de todo o mundo, que apoiam não apenas Julian… mas o que Julian representa: verdade e justiça.”
Ainda segundo o WikiLeaks, Assange fechará um acordo com o Departamento de Justiça (DOJ, na sigla em inglês) dos Estados Unidos. O sítio afirmou que a campanha internacional pela sua liberdade abriu “espaço para um longo período de negociações com o Departamento de Justiça dos EUA, conduzindo a um acordo que ainda não foi formalmente finalizado”.
Segundo uma carta enviada pelo DOJ, o jornalista se apresentará perante uma corte em Sapian, nas Ilhas Marianas do Norte, um território norte-americano no Oceano Pacífico. Ele irá para o local às 9h, horário local, na quarta-feira (26).
“Prevemos que o réu se declarará culpado da acusação […] de conspirar para obter e divulgar ilegalmente informações confidenciais relacionadas à defesa nacional dos Estados Unidos”, afirma a carta do órgão do governo dos EUA.
Julian Assange foi o principal responsável por divulgar, a partir de julho de 2010, centenas de milhares de arquivos confidenciais que provavam que o exército dos Estados Unidos havia cometido uma série de crimes de guerra no Afeganistão e no Iraque
Um dos vídeos divulgados por Assange e pelo WikiLeaks em 2010 mostra um helicóptero Apache assassinando a sangue-frio 11 pessoas, incluindo dois jornalistas da Reuters, em Bagdá, capital do Iraque, em 2007.
Após um tribunal de Londres validar sua extradição para a Suécia e temendo ser entregue para os Estados Unidos, onde poderia enfrentar pena de morte, em 19 de junho de 2012, Assange se refugiu na embaixada do Equador em Londres.
Rafael Correa, presidente equatoriano na época, concede o asilo em agosto. O editor do WikiLeaks permaneceu sete anos na embaixada, até 2019. Em 2 abril daquele ano, após o golpe dado por Lenín Moreno, novo presidente, Assange é acusado de violar suas condições de asilo e é detido na embaixada pela polícia do Reino Unido.
Pouco tempo depois, em 23 de maio de 2019, além da acusação de “pirataria informática”, a justiça dos Estados Unidos o acusa de outros 17 crimes com base na Lei de Espionagem. Segundo seus advogados, Assange poderia enfrentar até 175 anos de prisão.
Diante de sua libertação, a presidente do Partido dos Trabalhadores (PT), Gleisi Hoffmann, comentou sobre o caso:
“Julian Assange finalmente está livre, informa o WikiLeaks! Vitória importante de todos que se uniram a ele em defesa da liberdade de informação e contra uma perseguição descabida e injusta”, escreveu em sua conta oficial no X.
Gustavo Petro, presidente da Colômbia, também comemorou sua soltura, convidando Julian Assange e sua esposa a visitarem o país e realizarem um ato:
“A prisão eterna e a tortura de Assange foram um ataque à liberdade de imprensa à escala global.
Denunciar o massacre de civis no Iraque pelo esforço de guerra dos EUA foi o seu crime, agora o massacre se repete em Gaza.
Convido Julian e sua esposa Stella para visitarem a Colômbia e fazermos um ato pela verdadeira liberdade.”