Alemanha: trabalhadores da Volkswagen ameaçam entrar em greve

Nessa quarta-feira (30), os trabalhadores da Volkswagen na Alemanha fizeram uma ameaça de greve caso a administração não desista dos planos de fechamento de fábricas no país. A mobilização ocorre em meio a uma crise econômica da montadora, que anunciou uma queda drástica de 42% em seu lucro no terceiro trimestre – o mais baixo dos últimos três anos.

A administração da Volkswagen, por sua vez, atribui a queda no lucro aos altos custos operacionais e à baixa demanda por seus veículos, que, segundo ela, coloca a empresa em situação de desvantagem frente à concorrência, especialmente de fabricantes asiáticos. Em resposta, a gerência propôs uma série de medidas de arrocho contra os trabalhadores, que incluem cortes de até 10 bilhões de euros em custos, fechamento de três fábricas na Alemanha, demissões em massa e redução de salários em até 10%.

Os sindicatos, liderados pelo IG Metall, não aceitaram as justificativas da administração e rechaçaram a proposta de cortes. Eles argumentam que a crise é consequência das más decisões da gerência, que, além de encerrar acordos de segurança no emprego, comprometeu a confiança dos trabalhadores. Em tom incisivo, Thorsten Groeger, negociador do sindicato, declarou: “a Volkswagen abriu a caixa de Pandora ao encerrar a segurança do emprego e outros acordos coletivos”. Groeger deixou claro que, se a empresa não restaurar a confiança dos funcionários, haverá uma “nova escalada” nas negociações.

Daniela Cavallo, chefe do conselho de trabalhadores da Volkswagen, também ameaçou interromper as negociações caso os direitos dos trabalhadores não sejam respeitados. Os sindicatos exigem um aumento salarial de 7% e um plano que preserve os empregos e os salários, acusando a direção de destruir o consenso construído ao longo de décadas de negociação coletiva.

O governo alemão, ciente das implicações sociais e econômicas do fechamento das fábricas, está pressionando por uma solução que evite a demissão em massa e a crise de empregos na região, embora ainda não tenha decidido se socorrerá a Volkswagen.