O dia 31 de março, data em que o golpe militar de 1964 completa 60 anos, precisa ser um dia de mobilização dos trabalhadores e do movimento popular contra a tutela militar e contra o sionismo – isto é, em defesa do povo palestino.
Embora as circunstâncias não sejam as mesmas de 2019, quando o golpe completou 55 anos e o então presidente Jair Bolsonaro tomou uma série de iniciativas para celebrar o acontecimento, chegando, inclusive, a provocar os familiares das vítimas da ditadura; hoje, sob um governo popular, a ameaça golpista é um fator incontestável no atual regime.
As Forças Armadas, por sua própria constituição, são uma ameaça permanente. Os generais que se dizem “legalistas” são, na esmagadora maioria das vezes, justamente aqueles que comandam os golpes de Estado.
Para comprovar isso, não é necessário recorrer a exemplos internacionais ou de longa data. Em 2016, o País sofreu um golpe de Estado, no qual o Poder Judiciário, por meio da operação Lava Jato, e o Poder Legislativo, por meio da votação do impeachment, foram protagonistas. Ocorre, no entanto, que o golpe só foi dado porque recebeu o consentimento das Forças Armadas, que publicamente se comprometeram a não intervir.
Se as Forças Armadas, que a todo momento estão se metendo na vida política brasileira, anunciaram que não iriam intervir no processo, é porque, obviamente, apoiavam o golpe.
A invasão das sedes dos Três Poderes em 8 de janeiro de 2022 mostrou o acordo de toda a cúpula militar contra o governo de Lula.
Passado mais de dois anos do 8 de janeiro, a situação não melhorou. Pelo contrário: na medida em que os generais permaneceram impunes, o governo ficou ainda mais desmoralizado. A tutela militar sobre o regime aumentou, de tal modo que o próprio Lula, que foi humilhado pelos militares, veio a público se colocar contra qualquer cerimônia oficial de repúdio ao golpe de 1964.
Ao mesmo tempo em que as Forças Armadas constituem uma ameaça real ao governo, os aliados do Estado genocida de “Israel” também pressionam o governo. Entidades como a Confederação Israelita do Brasil (Conib) perseguem militantes e jornalistas independentes, incluindo do próprio partido de Lula, atuando de maneira descarada como uma sucursal de um Estado que está promovendo um genocídio na Palestina.
O sionismo, cujos braços no Brasil ficaram expostos na onda de calúnias contra Lula quando condenou o genocídio em Gaza, deve ser igualmente combatido.