Por Antônio Carlos Silva, dirigente da Corrente Sindical Causa Operária e dos Comitês de Luta
Segundo dados do governo Tarcísio de Freitas (Republicanos), a greve realizada no dia 28 de novembro por trabalhadores de estatais paulistas e setores do funcionalismo, principalmente da Educação, teria alcançado 88% dos trabalhadores do Metrô, onde a maioria das linhas foi atingida pela paralisação. Dados da imprensa capitalista – com base em informações do governo – também apontaram que mais de 4,6 milhões de pessoas teriam sido atingidas pela paralisação nos transportes, onde os trens da CPTM também pararam.
Os dados sobre o tamanho ainda são imprecisos e estão sendo apurados pelos sindicatos, mas o fato é que a mobilização teve um importante impacto e expressou um importante e crescente tendência de luta contra a política do governo estadual e do prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB).
Ataques
O governador encaminhou à Assembleia Legislativa proposta de privatização da Cia. de águas e esgoto (Sabesp), justamente quando a cidade mais rica do País e outras da Grande São Paulo foram atingidas por apagões por conta da privatização da empresa de eletricidade (hoje Enel). No trem e no metrô, a política de privatizações e terceirizações vem provocando acidentes e uma deterioração constante dos serviços prestados à população.
Os ataques dos governos tucano-bolsonaristas atingem todos os serviços públicos essenciais à população, como a Educação. Projeto do governo enviado à ALESP pretende reduzir em quase 20% os recursos destinados à Educação, o que representaria uma tirar R$10 bilhões do setor, por ano.
A greve foi uma resposta a esses ataques, bem como às demissões de metroviários depois da última greve, parte a ditadura que o governo estadual vem impondo contra o funcionalismo, como no assédio aos professores e todo o funcionalismo, além do brutal arrocho salarial.
Na capital, o prefeito decidiu impor um conjunto de medidas repressivas na Educação por meio da chamada “São Paulo Integral”, passando por cima das decisões dos Conselhos de Escola e até mesmo da legislação municipal, visando impor uma ditadura nas escolas.
Crescimento da mobilização
A paralisação desta terça-feira (28/11) mostrou um crescimento da mobilização dos servidores e trabalhadores das estatais, depois da greve realizada no começo de outubro e da expressiva assembleia dos professores no final do mesmo mês.
Diante da paralisia da imensa maioria do movimento sindical, as iniciativas, ainda que limitadas dos sindicatos envolvidos, diante da pressão que cresce nos locais de trabalho, representam um passo à frente. Mas ainda predomina uma política de mobilização demonstrativa, expressa na falta de continuidade imediata da greve e na pouca mobilização realizada junto aos setores de trabalho na maioria das categorias.
No ato da greve, realizado na Assembleia Legislativa de São Paulo (ALESP), cerca de 2 mil pessoas se reuniram, em sua maioria mobilizados pela APEOESP, com a maioria das entidades levando apenas dirigentes e ativistas, diante da falta de um amplo chamado nos bairros e locais de trabalho, bem como da convocação do ato para um local fora dos principais locais de manifestações, como a Avenida Paulista.
Fica evidente a necessidade de superar definitivamente a política covarde de setores da burocracia sindical e da esquerda, de atos demonstrativos e movimentos sem continuidade. E a ilusão expressa por muitos setores de que a situação desfavorável para os trabalhadores possa ser superada por meio de uma pressão de baixa intensidade contra o parlamento.
Para isso, é preciso aprovar a continuidade do movimento, com a realização de assembleias e piquetes unificados, colocar dezenas de milhares de trabalhadores nas ruas e avançar para uma greve geral por tempo indeterminado do funcionalismo e dos trabalhadores das estatais para obrigar o governo a recuar e atender às reivindicações dos trabalhadores.
É política mesmo
O prefeito de São Paulo “acusou” a greve de ser uma “ação política” e, como seu parceiro do governo estadual e toda a cínica imprensa capitalista, lamentou cinicamente os prejuízos causados à população, que sofre todos os dias – e muito – diante da degradação dos serviços públicos e pelas privatizações.
Nos serviços públicos, não é possível uma luta vitoriosa sem uma grande mobilização política contra o governo, nas ruas, buscando ganhar um amplo apoio da população. A pressão sobre a ALESP – totalmente submissa ao governo – deve ter um caráter secundário. É preciso parar a capital, a partir da Avenida Paulista, convocando para isso também os estudantes e os trabalhadores das demais categorias. E dirigir a mobilização diretamente contra os governos responsáveis pelas medidas, exigindo a sua revogação, assim como atendimento das demais reivindicações dos trabalhadores.