Seguindo indicativo da FUP, as trabalhadoras e os trabalhadores do Sistema Petrobrás protestaram nesta terça-feira, 27, contra a venda da Refinaria Lubrificantes e Derivados do Nordeste (Lubnor), no Ceará. A categoria se solidariza com a greve dos petroleiros cearenses, que teve início às 07h e segue por tempo indeterminado.
Paralelamente à luta dos trabalhadores da Lubnor, houve atos e manifestações nas bases do Sindipetro AM (Reman), do Sindipetro PE/PI (Refinaria Abreu e Lima e Terminal de Suape), Sindipetro BA (Taquipe), Sindipetro ES (UTGC), Sindipetro MG (Regap), Sindipetro Caxias (Reduc), Sindipetro NF (Heliporto do Farol), Sindipetro Unificado (Recap), Sindipetro PR/SC (Six e Repar) e Sindipetro RS (Refap).
Durante as mobilizações, que foram transmitidas em tempo real pela FUP em seu canal no YouTube, os trabalhadores denunciaram o arbitrário processo de privatização da Lubnor, aprovado pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).
A venda da Lubnor faz parte do desmonte da Petrobrás inensificado no governo Bolsonaro, após acordo com o Cade em 2019, quando a gestão da empresa assumiu o absurdo compromisso de se desfazer da metade da capacidade de refino, privatizando oito das treze refinarias. Além de colocar a Lubnor na lista de ativos acordada com o Cade, o governo Bolsonaro privatizou a Rlam, na Bahia; a Reman, em Manaus, e a SIX, no Paraná. Todas as privatizações foram feitas com preços questionáveis, bem abaixo do mercado, conforme denunciado largamente pela FUP e seus sindicatos.
Mesmo com diversas pendências jurídicas a serem resolvidas, inclusive questões fundiárias com a prefeitura de Fortaleza – que questionou a venda na ocasião -, a Lubnor está sendo vendida para o grupo Grepar Participações Ltda em maio de 2022. A refinaria, que foi negociada por US$ 34 milhões – 55% abaixo da estimativa de valor de mercado -, está localizada em um terreno de 400 quilômetros quadrados, sendo que 30% do espaço pertence ao município.
“A Lubnor é responsável por entregar às distribuidoras locais óleo diesel, gasolina, querosene de aviação e GLP provenientes de outras refinarias, terminais, transportados até Fortaleza por navios, em operações de cabotagem ou, eventualmente, importação. A venda da Lubnor pode acarretar desabastecimento desses navios, impactando negativamente exportações e importações”, alerta Deyvid Bacelar, coordenador-geral da FUP.
O presidente do Sindipetro-CE/PI, Fernandes Neto, reforça o alerta e chama a atenção para riscos de da criação de um monopólio privado na região, além do impacto negativo, econômico e social, que o estado do Ceará amargará com a privatização aa Lubnor. “Uma empresa privada não tem o compromisso com o abastecimento do mercado interno. Se for mais lucrativo, eles podem preferir exportar. A Petrobrás tem como prioridade o abastecimento do mercado interno”, explica Neto.
A Lubnor conta com mais de 500 trabalhadores e é responsável por cerca de 10% da produção de asfalto no país, além de produzir lubrificantes naftênicos – produto para usos nobres, como isolante térmico para transformadores de alta voltagem, amortecedores para veículos e equipamentos pneumáticos. A refinaria também é responsável por abastecer todos os estados do Nordeste, além de fornecer derivados para os estados do Amazonas, Amapá, Pará e Tocantins.
Fonte: FUP