A greve geral dos docentes da Universidade Estadual do Piauí (Uespi) foi aprovada em Assembleia Geral realizada virtualmente. Com a decisão, a categoria não deverá iniciar o próximo semestre no dia 2 de janeiro de 2024. Mais de 200 professores dos campi de Teresina, Campo Maior, Piripiri, Parnaíba, Floriano, Oeiras, Uruçuí, Picos, São Raimundo Nonato, Bom Jesus e Corrente participaram da assembleia e deliberaram pelo não retorno às atividades docentes nesta data.
Motivos da Greve
A greve foi motivada pelo encaminhamento de um projeto de lei (PL 09/2023) pelo governo do estado à Assembleia Legislativa do Piauí. Esse projeto propõe alterações no Plano de Cargos, Carreira e Remuneração da categoria docente, ampliando a carga horária em sala de aula, o que desrespeita o princípio constitucional da indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão.
De acordo com Lucineide Barros, coordenadora-geral da Associação de Docentes da Uespi (Adcesp – Ssind), a falta de diálogo com a categoria docente e a falta de respeito à autonomia universitária foram fatores determinantes para a decisão da greve. O projeto de lei é considerado um grande desrespeito à classe docente e um ataque à educação pública de qualidade.
Além disso, os professores também estão enfrentando defasagem salarial, que já ultrapassou o percentual de 68% em 2023. Essa situação foi outro ponto importante na pauta aprovada pela categoria e que será discutido nas mesas de negociação.
Mobilização e Negociações
A mobilização da categoria docente já surtiu efeitos e chamou a atenção do governo para as reivindicações dos professores e professoras da Uespi. Representantes da categoria se reuniram com a secretária das Relações Sociais do Piauí, Núbia Lopes, para tratar das negociações em torno da greve. Foi comunicado que o governador receberia representantes da categoria no dia 7 de dezembro.
No entanto, na audiência, não houve avanço em relação à reposição das perdas salariais. O governador informou que haverá reajuste somente em fevereiro de 2024, em percentual equivalente ao da inflação, e não aceitou discutir as perdas acumuladas ao longo dos últimos 10 anos. Em relação ao PL 09/2023, o governador se comprometeu em retirá-lo de pauta e encaminhar a discussão às instâncias colegiadas da Universidade, conforme reivindicação da categoria, mas manteve a posição de cobrar uma carga horária maior em sala de aula.
A Associação de Docentes da Uespi (Adcesp – Ssind) considera que houve um passo importante, porém é necessário manter a mobilização para garantir efetivamente a autonomia da universidade, a indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão, além da reposição das perdas salariais.