Exército de ‘Israel’ assassina mais de 100 civis ao invadir hospital al-Shifa

Nessa segunda-feira (18), as forças israelenses de ocupação invadiram o Hospital al-Shifa pela quarta vez. Localizado na Cidade de Gaza, região norte do enclave, o hospital era um dos poucos ainda em funcionamento e um dos principais centros médicos que receberam os palestinos que foram feridos nos diversos “Massacres da Farinha”. Sabe-se que os israelenses assassinaram mais de 100 palestinos com a invasão de al-Shifa. 

O crime foi anunciado perante o mundo pelas próprias forças israelenses de ocupação, em declaração oficial feita por seu porta-voz, Daniel Hagari, na manhã dessa quarta-feira (20), que reduziu o número de mortos para 90, também informando que teriam prendido entre 250 e 300 pessoas. Os invasores sionistas trataram de mascarar a natureza criminosa da invasão, e alegaram que todos os mortos eram combatentes do Hamas, incluindo comandantes, assim como os palestinos que foram detidos.

Essa declaração segue na esteira de pelo menos dois fatos. O primeiro: “Israel” utilizou como pretexto para a invasão a alegação de que o Hamas teria se reagrupado no Hospital de al-Shifa, e estaria utilizando o local como centro de comando para atacar as forças de ocupação. Coisa que eles jamais comprovaram. E o segundo: o pretexto não convenceu ninguém, e a invasão criminosa revoltou o povo palestino e os povos oprimidos de todo o mundo e forçou até mesmo organizações e governos imperialistas a emitirem declarações condenando a invasão.

Um dos palestinos assassinados foi o Brigadeiro-General Fayeq Abdulraouf Al-Mabhouh, autoridade policial responsável por coordenar a distribuição de ajuda humanitária no norte de Gaza.

Nesse sentido, Ismail al-Thawabta, diretor do escritório de imprensa do governo de Gaza declarou à agência de notícias Reuters que “o exército de ocupação israelense pratica a mentira e o engano ao espalhar a sua narrativa como parte da justificação dos seus crimes contínuos e violadores da lei, que violam o direito internacional, o direito humanitário internacional”.

Expondo a ação criminosa das forças de ocupação, destacando como elas atacaram civis indiscriminadamente ao invadir al-Shifa, Saleh Abu Sakran, um civil palestino que estava em um dos prédios do complexo médico, e que foi detido pelos sionistas, declarou à emissora catarense Al Jazeera que “os soldados dispararam contra o edifício onde estamos. Eles nos pediram para tirar a roupa e descer até o pátio do hospital e nos sentaram dentro de um prédio residencial próximo ao hospital onde fomos interrogados”.

Segundo o Monitor Euro-Mediterrânico dos Direitos Humanos, que vem colhendo depoimentos dos palestinos que estiveram presentes durante a invasão, inclusive aqueles que foram presos e depois liberados, o número de mortos já ultrapassa 100, todos civis. Em recente declaração publicada em seu portal, a organização constata que: “detidos recentemente libertados e testemunhas oculares disseram ao Euro-Med Human Rights Monitor que as forças do exército israelense cometeram assassinatos e execuções ilegais contra civis palestinos deslocados dentro do Complexo Médico Al-Shifa durante três dias consecutivos, e que as operações militares estão em curso“.

Em um dos depoimentos colhidos, concedido por um palestino que preferiu não se identificar por medo de represália, foi relatado que os soldados o “detiveram e algemaram no pátio do hospital” e o deixaram “sem roupa por mais de nove horas”. Ele também confirmou denúncias de assassinatos sumários, relatando que o soldados israelenses, por inúmeras vezes, levaram prisioneiros para a área do necrotério, quando então foram ouvidos subsequentes disparos, após o que os soldados voltavam sem os prisioneiros:

“Cerca de quatro vezes durante esse período, vi soldados conduzirem grupos de detidos – [sempre] pelo menos três pessoas e [nunca] mais de 10 – para os edifícios do hospital, especialmente para o edifício da morgue onde os corpos anteriormente eram mantidos. Foram ouvidos tiros, e os soldados deixaram a área para trazer outro grupo para lá.”

Conforme o Monitor do Oriente, outra pessoa testemunhou que viu as forças israelenses levarem oito ou 10 civis palestinos de cada vez em direção à área do necrotério.

Quanto às prisões, elas já ultrapassam 320, e não são de membros da resistência, conforme a mentira propagada pelas forças de ocupação, mas “jornalistas, pessoal médico e pessoas deslocadas, muitas das quais foram torturadas e forçadas a permanecer totalmente nuas ou vestidas com roupas brancas frágeis”, conforme investigação feita pelo Monitor do Oriente.