Com mais de 3,9 mil sindicatos filiados, quase 8 milhões de trabalhadores associados e cerca de 25,8 milhões de operários sob sua base, a Central Única dos Trabalhadores (CUT) é a maior organização da classe trabalhadora brasileira e uma das maiores organizações proletárias do mundo.
Completando 40 anos no dia 28 de agosto, seu aniversário convida a esquerda brasileira a lembrar como este colosso foi criado e sob quais condições, um exercício muito útil para orientar as vanguardas populares do País nos desafios presentes.
Em 1983, o povo brasileiro encontrava submetido ao mais feroz regime de terror já implementado no País. Instaurada com o golpe de 1964, os militares comandaram uma ditadura que varreu completamente o movimento operário e estudantil, além de começar um contundente trabalho de demolição das conquistas da Revolução de 1930.
Com os sindicatos sob intervenção e controlados com mão de ferro por pelegos apoiados pela ditadura, o movimento operário entra em um refluxo muito profundo, do qual só iria se recuperar com as greves do ABC, em 1978. Liderados pelos metalúrgicos de São Bernardo do Campo (cujo sindicato era dirigido pelo atual presidente, Luiz Inácio Lula da Silva, ou simplesmente “Lula”, como era então conhecido), a mobilização operária por aumentos salariais condizentes com as perdas provocadas pela inflação acabaria produzindo uma crise no interior da ditadura, instaurada entre outras coisas, para impedir pelo medo e pela força, que os trabalhadores fizessem exatamente o que eles estavam fazendo.
Tornava-se evidente que o medo da repressão, ainda que duríssima, já não era capaz de segurar os peões. Tampouco o peleguismo mostrava-se capaz de manter o controle dos sindicatos e consequentemente, dos trabalhadores.
Tentando administrar a situação, a ditadura lança um pacote econômico recessivo, para provocar uma onda de desemprego e com isso, colocar os trabalhadores na defensiva. O plano dá certo por um breve período, mas logo o movimento operário se reergue, com vigor e ainda mais radicalizado.
É então que surge a necessidade de unificar a classe e a resposta óbvia era a construção de uma central sindical. A proposta era apoiada pelos sindicatos ativos, mas enfrentava grande resistência dos pelegos, que, mesmo desmoralizados, fazem um esforço para impedir a construção da Central, fracassando no seu intento.
Nesse marco histórico, rompendo com o peleguismo e praticamente decretando a morte da tenebrosa Ditadura Militar, nasce a Central Única dos Trabalhadores. Sua fundação deu-se durante o 1º Congresso Nacional da Classe Trabalhadora, em São Bernardo do Campo, contando com 5.059 delegados. Um prodígio do proletariado brasileiro, que com a CUT, jogaria a pá de cal definitiva sobre o regime militar, que ganharia pouco mais de um ano de sobrevida graças à manobra das “Diretas Já”, mas já demonstrava não ter autoridade alguma para controlar os trabalhadores.
O aniversário de 40 anos da CUT é, acima de tudo, uma data comemorativa da classe trabalhadora brasileira, que a partir de uma vanguarda ousada e muito capaz, enfrentou e venceu a ditadura, derrotou também o peleguismo e constituiu-se em uma das mais importantes organizações de trabalhadores do planeta, evidenciando a força da mobilização operária.
É justamente essa força que precisa ser novamente desperta para as tarefas do proletariado de hoje, a constituição de um governo dos trabalhadores, a reestatização das empresas públicas roubadas pelas potências estrangeiras, a equiparação do piso nacional ao mínimo vital estabelecido na Constituição, a diminuição da jornada de trabalho e a retomada da industrialização nacional. Tarefas que não serão cumpridas sem uma potência como a CUT.