Não é possível derrotar a política de juros do Banco Central sem uma grande mobilização popular

Poucos dias depois que os metalúrgicos do ABC saíram às ruas de São Bernardo do Campo, em uma passeata e ato convocados pela CUT e pelo Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, reunindo mais de mil metalúrgicos, militantes e dirigentes para protestar contra a taxa de juros golpista de Campos Neto, foram realizados, ontem (20), atos em frente às sedes do Banco Central de diversas capitais.

Se o ato do ABC foi um bom ponto de partida de uma jornada de mobilização contra as taxas de juros, o mesmo não pode ser dito dos atos minúsculos e sem a presença expressiva de trabalhadores que foram realizados ontem.

Foram “atos demonstrativos”, reunindo apenas um punhado de sindicalistas e dirigentes da esquerda, sem a devida convocação dos trabalhadores. Os atos foram realizados no horário de trabalho, quando só os sindicalistas, assessores e “contratados” estão disponíveis. O resultado são “atos” sem a presença real de público, ou seja, que não representam um verdadeiro esforço para usar a única arma capaz de derrotar a direita que é a mobilização popular.

Nessas condições, no ato “principal”, o de São Paulo, reuniram-se poucas centenas de pessoas, e era visível o predomínio de figurantes da Força Sindical e outras “centrais” pelegas, totalmente opostas a qualquer mobilização real.

Em Brasília, em frente à sede do Banco Central (foto), da mesma forma poucas dezenas de pessoas se reuniram. Sem trabalho de agitação e propaganda e uma política para mobilizar os trabalhadores, com ampla convocação, horário adequado etc., não é possível realizar uma mobilização e fica-se na dependência das iniciativas da direita que comanda o Congresso Nacional.

Ficou evidente que, ao menos nos atos de terça, foi contida a tendência tão necessária a uma mobilização dos trabalhadores em torno dessa questão central que é a luta contra o gigantesco roubo promovido pelos banqueiros.

Ao contrário do ato de São Bernardo do Campo, quando era visível uma representação expressiva de operários de várias fábricas da região, apontando na direção correta para o único caminho efetivo para construir uma verdadeira mobilização contra este e outros ataques da direita em favor dos bancos e contra todo o povo, que é colocar a classe trabalhadora e suas organizações nas ruas, os “atos” de terça serviram, se muito, como propaganda, mas na realidade nem isso.