“Não entraremos em acordo com governo”, dizem Guarani-Caiouá

Com exclusividade ao Diário da Causa Operária (DCO), índios Guarani-Caiouá da retomada Avaeté, no município de Dourados, reagem aos ataques dos pistoleiros e da criação de uma frente parlamentar na Câmara de Vereadores encabeçadas pelo policial civil e vereador do PSDB Rogério Yuri para atacar os índios na cidade.

Diante dos ataques e das ameaças da frente parlamentar, a comunidade encaminha uma carta ao governo e a todos os apoiadores que não aceitam a perda de direitos fundamentais mascarada de acordo, como abrir mãos de suas terras para beneficiar latifundiários, grileiros de terra e empresas de especulação imobiliária.

Veja a carta abaixo:

Dourados, 21 de setembro de 2023

CARTA DA LIDERANÇA E MORADORES DO TEKOHÁ AVAETÉ

Nós, moradores e liderança da retomada Avaeté, localizada no município de Dourados, MS, vem, por meio desta carta, apresentar nossa indignação frente aos conflitos ocorridos em nosso território.

Lutamos por este território porque nossos avós e bisavôs foram expulsos daqui. Entendemos que estamos apenas retomando o nosso território tradicional. Nosso povo sabia que essa luta desigual não seria fácil, mas vamos continuar lutando para conquistar a nossa terra e a nossa natureza de volta.

O que os políticos chamam de produtores rurais são, na verdade, terroristas. O que eles chamam de sitiantes são, na verdade, pistoleiros. E o que causa indignação, é que eles têm todo o apoio do poder público e da polícia. Eles podem ter tudo, mas não tem o que Caiouá e Guarani têm, nós temos a força da natureza através da nossa reza. Muita Reza que a gente recebe, muita força da nossa mãe terra e natureza.

Aqui em nosso tekohá, muitos patrícios já foram feridos, ficaram aleijados e muito sangue já foi derramando. Mesmo assim o poder público, até agora, não conseguiu resolver o direito de permanecermos nem nosso território. Por isso, os Caiouá e Guarani não vão parar de lutar para retomar nossa terra de volta.

Encerramos esta carta reafirmando que não entraremos em acordo com governo, vereadores e demais poderes públicos. Nós vamos ficar aqui, em nosso tekohá. Vamos continuar lutando, vamos morrer aqui pelo direito do nosso território.

Yvyraija’i Rusu, Liderança do tekohá Avaeté

Fonte: Diário Causa Operária