Na madrugada do dia 13 de setembro, na última quarta-feira, pistoleiros fortemente armados com espingardas calibre 12 novamente invadiram a retomada Avaete dos índios Guarani-Caiouá, no município de Dourados, Mato Grosso do Sul.
O ataque é o terceiro em menos de um mês após os índios decidirem retomar a área grilada pelos latifundiários que ficam nos limites da Reserva Indígena de Dourados, a mais populosa do Brasil, com mais de 20 mil índios em apenas 3500 hectares.
O relato dos índios e as imagens são aterrorizantes e ocorre sem nenhuma medida tomada pelo estado do Mato Grosso do Sul para impedir os ataques do latifúndio e seus pistoleiros de maneira criminosa e sem nenhuma autorização judicial. O estado é controlado pelo latifúndio através do governador e ex-presidente da Famasul (uma espécie de UDR do estado) o tucano Eduardo Riedel, e seu conhecido secretário de Justiça, o ex-delegado Antônio Carlos Videira.
O ataque covarde deixou dois índios adolescentes que ficaram feridos e foram encaminhados para o hospital atingidos por balas de calibre 12, na cabeça e no corpo, mas já estão fora de risco. Além de outros feridos e o clima de terror se estabeleceu na comunidade.
Há pouco menos de um mês, os mesmos pistoleiros invadiram a comunidade e incendiaram dez casas dos índios e no dia seguinte realizaram um ataque para despejar os índios que se recusaram a sair e enfrentaram os pistoleiros. Os relatos são que os latifundiários estão usando drones para espionar, monitorar e planejar os ataques criminosos.
E tudo ocorre com apoio da polícia que fica nas proximidades e até mesmo dentro do latifúndio dando apoio.
No mesmo dia da visita do secretário de justiça do estado, pistoleiros organizam ataque e nada é feito.
Uma situação que chama a atenção é que no mesmo dia em que estava agendada a visita do secretário de Estado de Justiça e Segurança Pública, Antônio Carlos Videira, para discutir medidas para que não haja mais conflitos entre os índios e latifundiários, os pistoleiros realizaram o ataque durante toda a madrugada que se prolongou até o dia amanhecer. E nada ocorreu contra os pistoleiros.
Videira participou da primeira reunião da frente parlamentar em defesa da solução dos conflitos entre indígenas e proprietários de terras, encabeçada pelo policial civil, o vereador do PSDB Rogério Yuri.
Uma pergunta que fica no ar é que porque essa frente parlamentar e o secretário da Sejusp sequer foram ao local do conflito ou enviou pessoas para o local e encerrar os ataques realizados pelo latifúndio?
É preciso organizar os índios das retomadas
Nenhuma frente parlamentar da direita latifundiária e muito menos a polícia militar e civil, que sempre atacou os índios em todos os sentidos e os tratou todos como criminosos, vai defender os índios da pistolagem ou da chamada criminalidade para trazer segurança para a aldeia e a comunidade indígena.
Dos parlamentares e da polícia somente vai vir repressão para os índios e a aldeia, na qual sabem que é um barril de pólvora porque os índios vivem numa situação de muita pobreza e necessidade.
Querem colocar a polícia dentro das aldeias para reprimir protestos e novas retomadas de terra, ou seja, para os índios que lutam por seus direitos e pela melhoria de vida. E nada mais que isso.
Contra a violência do latifúndio, da polícia e da situação social é preciso que os índios se organizam em grupos de autodefesa controlados pelas lideranças e a própria comunidade. Em vez de polícia que sempre atacou os índios, é preciso que a própria comunidade tenha um grupo de pessoas treinadas e equipadas para enfrentar essas situações.
E mais importante é que esse grupo seja eleito e controlado pela comunidade para que não haja repressão da luta pelos direitos dos índios, como, por exemplo, na luta pela terra ou por qualquer necessidade da aldeia, que não reprima os índios que se manifestem em rodovias ou nas cidades.
Fonte: Diário Causa Operária