Em 11 de maio de 2022, Shireen Abu Aklé, uma jornalista palestina do portal Al Jazeera, foi assassinada pelo Estado de “Israel” em Jenin, na Cisjordânia ocupada. Ela, que trabalhava há 25 anos para a imprensa do Catar, estava cobrindo a invasão militar do campo de refugiados de Jenin pelo exército sionista. Mesmo com a roupa azul e o capacete indicando que era alguém da imprensa, um soldado israelense disparou um tiro de fuzil em sua cabeça, assassinando-a imediatamente. Ela se tornou a representação do que é a mulher Palestina, uma vítima da brutalidade nazista de “Israel”.
Em fevereiro de 2024, o presidente do PCO, Rui Costa Pimenta, esteve em Doha, capital do Catar, para se reunir com a direção do Movimento de Resistência Islâmica, Hamas. Lá ele teve a oportunidade de conceder duas entrevistas à Al Jazeera, nos próprios estúdios sede da rede. Ele relatou que, ao entrar no prédio (muito moderno por sinal), a primeira imagem que se vê é uma grande homenagem a Abu Aklé. A sua morte foi de fato um marco da opressão aos palestinos, principalmente às mulheres.
O Estado de “Israel”, no entanto, não apenas assassinou a jornalista. Em uma verdadeira repressão nazista os sionistas reprimiram brutalmente o velório de Shireen. Centenas de palestinos carregavam o caixão em Jerusalém, quando, por pouco, o caixão não foi derrubado. “Israel” ainda acusou os combatentes palestinos de terem assassinado Shireen, quando não havia duvida nenhuma da culpa do assassinato. Uma atitude comum do sionismo, que atingiu uma escala absurda em meio à atual campanha genocida na Faixa de Gaza.
O Dia Internacional de Luta da Mulher Trabalhadora
Desde o início do século XX é uma tradição do movimento operário, principalmente das trabalhadoras, realizar uma manifestação no dia 8 de março em todo o mundo. Em 1917 uma manifestação de 8 de março deu início aos protestos que derrubaram a monarquia da Rússia e assim começaram a revolução. No Brasil essa tradição também é antiga e todos os anos manifestações acontecem em diversas cidades do País, levando adiante as principais reivindicações das trabalhadoras.
Nos últimos anos, no entanto, a infiltração identitária nesses protestos removeu o seu caráter tradicionalmente operário. As manifestações começaram a defender as pautas identitárias, chegando ao cúmulo de focar na questão trans no ano de 2023. Com o identitarismo, as manifestações também se tornaram cada vez menores, fruto de sua política impopular. Contudo, esse ano de 2024 apresenta uma grande oportunidade para mudar tal tendência. E a grande mudança é a questão palestina.
Na Faixa de Gaza já foram mortos mais de 30 mil palestinos, dentre esses mais de 8 mil mulheres. Foram mortas também mais de 12 mil crianças, ou seja, milhares de mães perderam um ou mais filhos. Agora às mortes se somam a fome: todos os dias crianças morrem de fome, principalmente no norte da Faixa de Gaza. Sendo os mais vulneráveis, as vítimas da fome são justamente as crianças, principalmente os bebês. De forma que a opressão às mulheres da Palestina não tem paralelo em lugar nenhum do mundo.
Há também a questão das mulheres grávidas. Um dos médicos de Gaza estimou que 20% de todas as grávidas do território sofreram abortos espontâneos. O massacre do Estado de “Israel” existe até mesmo entre a população de palestinos que não nasceu. É o verdadeiro nazismo do século XXI. E como ocorre com toda opressão, os setores que mais sofrem são aqueles que já são tradicionalmente os mais oprimidos, ou seja, as mulheres.
Por um 8 de março da mulher palestina
A campanha da Palestina, por si só, é a mais importante do Brasil. Não só porque é uma obrigação de toda a esquerda lutar contra um genocídio. Mas também porque a luta contra o sionismo no Brasil é a mesma que a luta contra o bolsonarismo. A defesa da Palestina nas ruas é um enorme fator de enfraquecimento da extrema-direita brasileira. O bolsonarismo abre um flanco com a sua defesa de um Estado genocida. Sendo assim, a esquerda, que tradicionalmente defende a palestina não pode perder essa oportunidade de forma alguma.
Como descrito acima, não existe nenhuma pauta de defesa da mulher mais importante atualmente que a defesa da mulher palestina. Se o povo palestino é o mais oprimido do mundo, um povo martirizado, a mulher palestina é também a mais oprimida. Além disso, o potencial de mobilização é gigantesco. O movimento de defesa da Palestina já existe no mundo inteiro, incluindo no Brasil, tendo sido realizados dezenas de atos em todo o país nos últimos meses. O 8 de março, ao se colocar como parte desse movimento, irá se fortalecer.
Por isso é preciso aproveitar todos os dias dessa semana para convocar e fortalecer essa importante mobilização das mulheres trabalhadoras. É preciso convocar todos às ruas para levar a defesa da mulher Palestina a todas as principais cidades do Brasil! Sair às ruas pela libertação da Palestina!