O Diário Causa Operária, um índio Guarani-Caiouá relatou como agiram os jagunços que invadiram a retomada Avaete, em Dourados-MS.
É preciso denunciar a situação dos índios de Mato Grosso do Sul. Eles estão sofrendo com a ação dos latifundiários, que usam a polícia e os jagunços para aterrorizar o povo.
“Boa noite.
Ontem (12/09) às 23h45 houve um ataque aqui na Tekoha Avaete (retomada dos índios Guarani-Caiouá em Dourados/MS). Ataque foi bem forte de pistoleiro e latifundiário atacando nossa casa e destruindo. Esse pessoal veio com arma pesada e deu um tiro para matar a comunidade.
Começou o ataque às 23h45 até as 3 horas da madrugada. Aquele Giovanni gordão (a quem os índios acusam de grilagem e pistolagem) tinha no meio e ele que atirador ele, que é pistoleiro, né? Deu um tiro para cima da nossa cama e comunidade. Era tiro para matar.
Aí a gente tem que se esconder no Mato, né? E às 7 horas da manhã hoje (13/09) começa novamente ataque dos pistoleiros. Pistoleiro junto com o pessoal que mora no sítio, né? Quem mora no sítio também é pistoleiro.
E começou a atacar às 7 horas da manhã e foi até às 3h da tarde teve ataque. Até as 3 horas teve ataque. Dois adolescentes ficaram feridos, levou tiro no braço e no corpo. Levou chumbo no corpo. E o menino que levou um tiro no braço estava sangrando.
Sempre que eles (pistoleiros) atiram na nossa comunidade, aqui na nossa Tekoha Avaete e aí depois fala que nós indígenas que temos armas, eles falam que nós, indígenas, somos perigosos.
Mas como? Porque a gente não tem arma. Se a gente tivesse arma, a gente iria ferir eles. Mas nunca são feridos porque não temos armas. Mas eles (pistoleiros) que têm arma e têm chance de matar a gente.
Será que eles (estado) vão resolver depois? Depois que a gente morrer? Depois que a gente perder nosso guerreiro para resolver isso? Nós precisamos urgentemente resolver esse caso. Resolver urgente!
Nós precisamos muito apoio de todos, das autoridades, apoio de toda liderança da área (aldeia e da reserva) para a retomada.
Nós estamos aqui sofrendo pelo ataque.Hoje nós estamos aqui no Tekoha com medo.Nós estamos aqui lutando pelo nosso direito, pela nossa Terra. Nós vamos continuar aqui na nossa área, aqui, na nossa Terra, nós vamos ficar.“