No Rio de Janeiro o governo do Estado estabeleceu uma verdadeira ditadura nas praias neste verão, momento em que elas estão mais lotadas. A “Operação Verão” apreende jovens negros nas praias e em seus acessos na cidade do Rio. A Polícia alega que são “suspeitos em potencial” e “possíveis infratores”. A Secretaria de Ordem Pública afirma que os “crimes violentos” aumentaram nas praias desde o início deste verão, algo que é dito constantemente pela propaganda bolsonarista.
A secretaria afirmou que além de supervisionar e fiscalizar vendedores ambulantes nas praias, os agentes do estado aumentaram as patrulhas nas orlas para dar suporte à polícia para “abordar jovens que vão às praias sem a presença de um responsável e que não portam documentos”.
Uma pesquisa realizada em 2022 pelo Centro de Estudos de Segurança da Cidadania mostrou que 71% dos usuários de transporte público são negros, grupo que representa 48% da população que vive na cidade. Cerca de 68% dos entrevistados já foram abordados a pé ou de moto. A mãe de um adolescente detido durante a “Operação Verão” relatou para a Defensoria Pública que seu filho, um jovem negro, estava a caminho da praia com um grupo de amigos. Mesmo com seus respectivos documentos de identidade e com dinheiro para pagar a tarifa do ônibus, os jovens foram encaminhados a delegacia após dizerem que moravam no Jacarezinho (RJ).
Em dezembro, a juíza da 1ª Vara da Infância, da Juventude e do Idoso da Comarca da Capital, Lysia Maria da Rocha, proibiu esse tipo de apreensão, a menos que haja flagrante. No mesmo mês, o presidente do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ), Ricardo Rodrigues Cardozo, revogou a decisão que proibia a apreensão de menores sem flagrante. A Procuradoria Geral da República (PGR) solicitou a suspensão imediata da decisão do TJRJ. Posteriormente, a Procuradoria Geral da República (PGR) solicitou a suspensão imediata da decisão do TJRJ. Agora, o Supremo Tribunal Federal decidirá pela suspensão ou não da operação.
A atuação ditatorial da polícia não é nova, apenas tem um nome oficial agora. A repressão contra a população negra no Rio de Janeiro é tão brutal que tende a formar um verdadeiro apartheid. Os negros apenas podem trabalhar. Em muitos bairros da periferia o transporte público é tão ruim nos fins de semana que é impossível ir à praia. Nos bairros pobres mais perto das praias, como o Jacarezinho, se instala essa ditadura da polícia. Esse é o verdadeiro papel da polícia, reprimir a classe operária e principalmente seu setor mais oprimido, a população negra.