Entre os dias 31 de março e 1º de abril de 1964, os militares depuseram por um golpe de Estado o então presidente da república, o nacionalista João Goulart. Os militares, após 10 anos da última tentativa de golpe, na época contra Getúlio Vargas em 1954, conseguiram conquistar o poder, dando início ao período mais brutal da história recente do Brasil com a ditadura militar.
Os golpistas prepararam o terreno com a devida antecedência. Os militares, desde a Segunda Guerra Mundial, estavam totalmente sob o controle dos aparatos de inteligência norte-americanos e sob forte influência do imperialismo. Após fracassadas tentativas de tomar o poder seja por meio de golpes eleitorais, pressão sobre os governos nacionalistas, o imperialismo decidiu levar a frente uma política geral de golpes em toda a América Latina, derrubando os governos nacionalistas locais e dando início a um controle por meio de brutais ditaduras dos países em questão.
O Brasil, principal país da América Latina teve seu golpe consolidado em 1964 com o pretexto de que, ao tomar o poder os militares com o apoio dos Estados Unidos iriam destruir as forças populares, especialmente os setores nacionalistas anti-imperialistas e comunistas, e “devolver a democracia” ao continente. No entanto, o que a propaganda afirmava ser breve durou 21 anos — de brutalidade contra o povo —, sendo apenas derrubado pelas enormes mobilizações dos trabalhadores que levariam, em 1985, ao fim da ditadura militar.
O golpe ocorreu sob a farsa de “revolução anticomunista” e de defesa de um suposto nacionalismo brasileiro, ligado unicamente aos interesses do imperialismo.
O governo derrubado, de Jango, era um típico governo nacionalista com políticas à esquerda na América Latina, o que gerava enorme insatisfação do imperialismo na região. A crise se desenvolveu e, enquanto o imperialismo buscava sufocar o governo, e com o apoio da Inglaterra, os EUA deram início a operação Brother Sam, que consistiu no deslocamento, em 31 de março de 1964, de tropas da Marinha Americana de Minas Gerais para o Rio de Janeiro, e, por mar, um porta-aviões para agir, caso o golpe liderado pelo general Castelo Branco falhasse.
O golpe de 1964 marcou uma importante vitória do imperialismo no massacre contra o povo brasileiro e latino-americano. O controle absoluto sobre as Forças Armadas Brasileiras propiciou ao imperialismo organizar verdadeiros quadros que defendessem seus interesses no Brasil. Um fato que mesmo após o fim da ditadura permanece o mesmo na vida política nacional.
O golpe de Estado apenas não foi evitado graças a não mobilização da classe operária. Na época nem PCB, nem PTB, partido de Jango, se mobilizaram contra os golpistas, e, atrelados às falidas instituições, viram os militares, com o apoio do imperialismo, passarem por cima do povo brasileiro.
A história da ditadura de 1964 é um aprendizado importante necessário para considerar a luta política nacional dos dias atuais. Em 2024, os militares são os mesmos de 60 anos atrás e o imperialismo busca, com ainda mais intensidade, garantir seu controle sobre os países atrasados.