Devido à crise do Coronavírus e a crise econômica que se alastra por todo o globo terrestre, e atinge em cheio o Brasil, a necessidade de organização da população vem se colocando cada vez mais como imprescritível para combater de forma coerente, isto é, revolucionária, tanto a pandemia quanto os seus efeitos mais nocivos: os de classe. Onde a burguesia de conjunto prepara um ataque sem precedentes da classe trabalhadora, para salvar-se da sua decadência histórica.
Já em 2016, o Diário Causa Operária demonstra a necessidade e a importância da criação de Conselhos Populares, em artigo intitulado “Conselhos populares: o que são e por que precisamos deles”. Em uma breve explicação, os Conselhos são um avanço na luta dos trabalhadores pelos seus interesses de classe, porque não se veem mais em categorias isoladas contra patrões isolados como nos sindicatos, mas como trabalhadores em luta contra o conjunto da burguesia. É a organização política real da classe operária em oposição à pilhagem da burguesia, em direção à revolução e ao governo operária.
Em suma, a organização desse órgão da população para disputar o poder político com a burguesia é a pedra de toque entre a política revolucionária e o diletantismo demagógico. É aí, na crise, que a vanguarda da classe operária, seu partido revolucionário, lança a organização da população trabalhadora e pobre, enquanto a pequena-burguesia se acovarda por debaixo da saia de cadáveres da burguesia e seus agentes políticos da direita, mostrando ser apenas a retaguarda do movimento de massas: um atraso que sempre a coloca para atrás.
Isto deixa claro a atual luta política que se instaura hoje dentro da esquerda: de um lado, a vanguarda procurando organizar as massas; de outro, críticas que são porta-vozes da burguesia; e a pequena-burguesia que se apequena durante a crise, pela falta, principalmente, de um programa político coerente para a crise.
Como uma das características da realidade, a experiência é o valor mais confiável para julgar a política, podemos concluir com absoluta certeza que os Conselhos Populares organizados por todo Brasil vêm se tornando cada vez mais maiores e mostrando uma perspectiva organizada e política para crise.
Em Curitiba, no Alto Boqueirão/Boqueirão, o conselho em uma semana organizou um Restaurante de Campanha, sem cozinha industrial e sem muitas panelas, com arrecadações voluntárias. Com vontade política, alimentou centenas de moradores do bairro mais necessitado. Já enviaram uma carta de reivindicações à prefeitura e não esperam pela boa vontade da direita; mostram que, pela sua própria organização, conseguem suprir suas necessidades imediatas eles mesmos. Organizam agora uma imprensa independente do bairro para divulgar suas atividades.
Exemplo semelhante é o de Blumenau, no bairro de Ribeirão Fresco, onde saiu a vanguarda dessa campanha do Restaurante popular e realizou a atividade já pela segunda semana seguida. Com um boletim semanal intitulado A voz do bairro, e com reuniões com mais de 30 pessoas, a organização dos trabalhadores se desenvolve a pleno vapor.
Também temos o caso de São Félix do Caribe, no interior da Bahia, que já conta com um número gigantesco de pessoas, com reuniões diárias e boletim semanal, onde já foram organizadas passeatas para cobrar da prefeitura o descaso em relação a miséria que a população passa.
Outras dezenas de conselhos estão se desenvolvendo, com reuniões periódicas, e numa velocidade que mostra o caminho real para combater a crise capitalista e a pandemia: a mobilização e a organização dos trabalhadores sob um programa revolucionário que reivindique todos os seus interesses de classe.