O governo Milei prepara um novo ataque contra os estudantes: o fim da gratuidade nas universidades públicas. Como todo ataque à universidade, ele começa com uma medida menos agressiva: a taxação dos estudantes estrangeiros. Na Argentina, uma das grandes conquistas do movimento estudantil é a inexistência do vestibular e a gratuidade das universidades públicas, até mesmo para estrangeiros. Esse certamente será um ponto de choque entre o governo ultra neoliberal de Milei e os estudantes em breve.
A proposta de Milei é que os estudantes com residência temporária comecem a ser taxados por estudar no país. Os valores seriam definidos pelas próprias universidades. A decisão final é do Congresso por meio de votação.
O fato das universidades argentinas serem gratuitas até para estrangeiros ao longo de décadas atraiu um enorme número de estudantes de outros países. Segundo informações divulgadas pelo portal La Nación, em 2021, havia 117.820 alunos estrangeiros estudando em terras argentinas. O número é tão elevado que chega a 4,3% de todos os estudantes, que somam 2,7 milhões. A esmadora maioria desses estrangeiros são do continente americano, cerca de 96%.
O curso que mais atrai estudantes estrangeiros é o de Medicina, tradicionalmente dominado pela máfia do jaleco branco onde existe o vestibular. Cerca de 20% dos estrangeiros cursam medicina, isso significa que um a cada sete estudantes de medicina na Argentina são estrangeiros (de acordo com dados de 2016). Os brasileiros de longe eram a maioria, cerca de 52,7% dos estrangeiros cursando medicina. A Universidade de Buenos Aires, a mais importante do país, tem quase 10% de estrangeiros em seu quadro de alunos.
Sendo assim, o ataque aos estudantes estrangeiros não é apenas um prenúncio de um ataque a todos os estudantes. Um ataque que atinge 5% dos estudantes já pode ser considero uma enorme afronta ao movimento estudantil. Milei começa pelo setor mais marginalizado, aqueles que não tem nem a cidadania da Argentina. Os estudantes não devem aceitar tal ingerência na universidade, é mais um dentre milhares de motivos para lutar contra o governo Milei.
A esquerda argentina deve aproveitar a oportunidade para mobilizar esse importantíssimo setor da sociedade no que tange a luta política. Uma verdadeira guerra se prepara entre a classe operária e o governo capacho do imperialismo de Milei. É preciso aproveitar a força da juventude nessa luta e levar adiante a política de derrubada do governo Milei.