A alucinada campanha de terror promovida pela Rota, batalhão de elite da Polícia Militar de São Paulo (PM-SP), contra os moradores dos bairros operários do Guarujá, no litoral paulista, levou à morte de mais um trabalhador: o jovem Filipe do Nascimento, de 22 anos. O rapaz trabalhava nos quiosques das praias da cidade litorânea e tinha saído de casa por volta das 20h do dia 31 para fazer compras quando, poucos minutos após sair de casa, a viúva do rapaz disse ter ouvido tiros.
“Eu moro em uma casa de madeira. Na hora do tiroteio, não sabia se eu deitava ou se eu saia para correr com as crianças no colo”, disse a mulher ao Uol (do grupo Folha), que não quis se identificar. “O policial me empurrou”, continuou a viúva, “jogou minha bicicleta no mangue e disse: ‘Pra dentro, pra dentro [de casa]. Está tendo uma operação policial’(“Mulher diz que PM matou vendedor no Guarujá: ‘Ele saiu para ir ao mercado’”, Fabíola Perez, 2/8/2023).
No relato feito ao Uol, a mulher de Filipe disse ter visto dois corpos e perguntou aos PMs se o jovem era um deles, mostrando inclusive fotos do rapaz para os policiais. Os PMs negaram que o trabalhador fosse uma das vítimas, mas na manhã do dia 1º, a mentira seria desfeita e o cadáver de Filipe seria enfim reconhecido.
Até a tarde do último dia 2, o governo do bolsonarista Tarcísio de Freitas reconhecia 14 vítimas da chacina promovida pela Rota, embora fontes diversas afirmem que o número de mortos chegue a 19. Além do jovem Filipe, o também jovem vendedor ambulante Felipe Vieira Nunes, de 30 anos, fora brutalmente assassinado, conforme relato de familiares e vizinhos que testemunharam sua bárbara execução. No corpo do rapaz, marcas de queimaduras de cigarros foram encontrados, mas o governo do Estado nega que tenha ocorrido qualquer tortura dele ou de outras vítimas da região.
Embora segmentos direitistas tenham contemporizado a campanha de terror que a PM vem promovendo nos bairros pobres, os setores mais conscientes da população devem reforçar a luta pela extinção imediata deste aparelho de repressão odiado que é a polícia, em todas as suas esferas. Enquanto existirem, serão uma ameaça letal contra o povo pobre e trabalhador, da cidade e do campo.