Novo ‘Massacre da Farinha’: mais de 100 palestinos são assassinados por ‘Israel’

No último dia 14 de março, às vésperas da primeira sexta-feira do Ramadã, um dia sagrado para todos os muçulmanos, o Estado nazista de “Israel” perpetrou outro “Massacre da Farinha”. Isto é, assassinou a sangue-frio mais dezenas de palestinos que esperavam para receber ajuda humanitária, principalmente comida.

Este novo massacre ocorreu na rotatória Cuaite, onde cruzam as ruas 10 e Xaria Salá al-Din, na Cidade de Gaza, região norte da Faixa de Gaza.

O massacre ocorreu exatamente na mesma cidade em que foi perpetrado o “Massacre da Farinha”, quando, há menos de um mês (29/2), “Israel” assassinou, a tiros e por atropelamento, mais de 100 palestinos que esperavam receber farinha.

Desta vez, as forças israelenses de ocupação utilizaram-se de metralhadoras, helicópteros e drones para assassinar os palestinos com rajadas de tiros e bombardeios.

Ibrahim Al-Najar, um dos feridos que foi levado ao hospital Al Shifa após o incidente, disse: 

“Estávamos sentados lá e não havia nada. De repente, eles nos bombardearam com granadas. Há muitos mártires e feridos. Estávamos lá para levar comida para nossos filhos.”

Maomé Ghrab, médico do Hospital al-Shifa, disse que cerca de uma hora depois da ação criminosa dos sionistas, o hospital recebeu mais de 60 feridos:

“A maioria são lesões graves, no abdômen e na parte superior do corpo. Até agora, mais de 15 feridos requerem cirurgias urgentes.”

Segundo informações fornecidas pelo Escritório de Imprensa do Governo e o Ministério da Saúde em Gaza, até o fechamento desta edição, o número de palestinos assassinados já havia ultrapassado 100, sendo 200 feridos. E mais corpos estavam sendo retirados debaixo dos escombros.

Haja vista que, no enclave, apenas 12 dos 35 hospitais estão em funcionamento (e funcionamento apenas parcial), as vítimas tiveram de ser levadas para quatro hospitais diferentes: Al-Maamadani, Al-Shifa, Al-Awda, Kamal Adwan. Nesse sentido, o porta-voz do Ministério declarou:

“As equipes médicas são incapazes de lidar com o volume e o tipo de ferimentos que chegam aos hospitais no norte de Gaza devido à fraca capacidade médica e humana.”

O que significa que vários dos feridos ainda poderão morrer.

Vale ressaltar que, para além do “Massacre da Farinha”, este já é o quinto dia seguido em que “Israel” vem assassinando palestinos que aguardam ajuda humanitária e comida, de forma que o número de mortes já ultrapassa 500. Segue, abaixo, lista de algumas das vezes em que os militares israelenses atacaram palestinos que esperavam ajuda humanitária e/ou comida:

  • 14 de janeiro – As tropas israelenses atiraram contra civis palestinos que tentavam pegar a pouca ajuda humanitária que chega em Gaza;
  • 25 de janeiro – 20 palestinos foram mortos e 150 ficaram gravemente feridos depois que tropas israelenses abriram fogo contra uma multidão que se reunia para receber ajuda humanitária, em uma rotatória na Cidade de Gaza;
  • 6 de fevereiro – As forças israelenses atiraram contra palestinos que esperavam por caminhões de ajuda alimentar na Cidade de Gaza.  À época, o Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (ENUCAH) afirmou que foi o quinto ocorrido de disparos israelenses contra pessoas que esperavam por ajuda humanitária;
  • 18 de fevereiro – Houve vários casos de ataques de franco-atiradores israelenses contra civis que procuravam assistência humanitária;
  • 20 de fevereiro – Pelo menos uma pessoa foi morta e muitas outras ficaram feridas depois que as forças israelenses abriram fogo contra uma multidão palestina que esperava por comida no norte de Gaza;
  • 26 de fevereiro – A Al Jazeera noticia que pessoas que procuravam ajuda foram atacadas pelas forças israelenses em várias ocasiões. Tareq Abu Azzoum, correspondente da emissora em Rafá, informou que “nos últimos dias, houve relatos de tiroteios contínuos contra pessoas que esperavam por suprimentos humanitários”, acrescentando que “pelo terceiro dia consecutivo, há relatos de palestinos mortos e feridos após serem expostos ao fogo israelense enquanto tentavam procurar algo para sobreviver no distrito norte“;
  • 28 de fevereiro – Fontes médicas na cidade de Gaza relataram que três pessoas foram mortas enquanto esperavam por ajuda na rua al-Rashid (a mesma em que viria a ocorrer o “Massacre da Farinha”, um dia depois);
  • 29 de fevereiro – Massacre da Farinha;
  • 2 de março – três pessoas em Beit Hanoun foram mortas enquanto colhiam ervas para alimentação;
  • 3 de março – Em razão de um ataque aéreo israelense, pelo menos nove pessoas foram mortas enquanto esperavam por ajuda humanitária em Deir el-Balah. Segundo noticiou a Al Jazeera, mais tarde, no mesmo dia, dezenas de civis foram mortos em um ataque israelense na rotatória Cuaite (a mesma do “Novo Massacre da Farinha”);
  • 4 de março – Outro ataque ocorreu na rotatória do Cuaite. Enquanto milhares de pessoas esperavam o dia todo por ajuda humanitária, soldados israelenses abriram fogo contra elas assim que os caminhões chegaram;
  • 6 de março – Oito pessoas ficaram feridas depois que tropas israelenses dispararam contra pessoas que procuravam ajuda humanitária na rotatória de Nabulsi, extremo sudoeste da Cidade de Gaza;
  • 7 de março – Cinco pessoas foram mortas enquanto esperavam por ajuda na rotatória de Nabulsi, novamente;
  • 8 de março – Várias pessoas que procuravam ajuda humanitária foram mortas, mais uma vez, na rotatória do Cuaite;
  • 12 de março – As forças israelenses atacaram palestinos que esperavam por caminhões de ajuda na rotatória do Cuaite, matando sete pessoas.

Como pode ser constatado, já se tornou um modus operandi das forças israelenses de ocupação atacarem palestinos que aguardam a chegada de comida e ajuda humanitária. Em matéria publicada recentemente, a emissora Al Jazeera diz que é uma “armadilha mortal”. De fato é. E a finalidade é subjugar o povo palestino. É tornar a realidade deles pior do que já é, expulsando-os de mais um local. E, como já não há mais lugar para onde ir em Gaza, um deslocamento forçado para fora da Palestina, para nunca mais retornarem. É um modus operandi para expulsarem todos os palestinos de suas terras – assassinando vários no processo.

Diante do massacre, em mais uma mentira cínica, as forças israelenses de ocupação emitiram um comunicado alegando que os palestinos teriam sido assassinados por combatentes da resistência palestina, justamente aqueles que estão lutando diariamente, de forma abnegada, para libertar o martirizado povo palestino da ditadura nazista de “Israel”:

“Palestinos armados abriram fogo enquanto civis de Gaza aguardavam a chegada do comboio de ajuda […] continuaram a atirar enquanto a multidão de moradores de Gaza começava a saquear os caminhões.”

Novamente, a política nazista do Estado de “Israel” e de suas instituições se manifesta na declaração acima. Além da calúnia feita contra a resistência, há ainda a condenação moral contra os palestinos que foram assassinados e feridos, quando se afirma que eles estavam “saqueando” o caminhão de ajuda humanitária.

Deve ser ressaltado que esse massacre acontece enquanto o povo palestino já está morrendo de fome. Literalmente. Afinal, ao fechamento desta edição, “Israel” já assassinou de fome pelo menos 28 crianças palestinas.

Em face de mais esse crime, os partidos e organizações da resistência emitiram declarações denunciando a natureza nazista de “Israel” e responsabilizando não só os sionistas, mas também o imperialismo norte-americano, o principal avalista do sionismo. Também denunciaram a falta de ação dos governos árabes que nada fazem para barrar o genocídio que “Israel” perpetra contra os palestinos.

Expondo que a intenção do sionismo e do imperialismo é expulsar os palestinos de suas terras para sempre, deixaram claro que isto nunca irá acontecer. Nesse sentido, exortaram o povo palestino e os povos oprimidos de todo o mundo a intensificarem a luta para a derrubada de “Israel” e do sionismo. 

Emitiram declarações nesse sentido o Hamas, o Movimento Mujahideen Palestino e a Frente Popular para a Libertação da Palestina. Uma demonstração da unidade do povo palestino na luta contra o sionismo, até as últimas consequências, isto é, a destruição do Estado nazista de “Israel”.